“Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos?”
Não privemos Deus daquilo que Ele tem por tão precioso e que por direito lhe pertence: isso é roubo!
Mas… poderia o homem roubar a Deus?!
Se a resposta para essa pergunta é afirmativa, permanece a primeira: então, em quê? Que bem é esse do qual o criador é surrupiado?
A ótica gerencial com suas paranóias eclesiástico-administrativas vai direto ao âmago das questões humanas seculares e extrai do texto bíblico aquilo que mais lhe interessa: MONEY! [Vós me roubais] Nos dízimos e nas ofertas. Assim pastores, padres, bispos e apóstolos (líderes) com seus impérios eclesiásticos e para-eclesiásticos roubam de Deus e do povo uma parcela considerável do seus salários e riquezas, com a desculpa do alívio do sentimento de culpa e as famosas promessas de prosperidade. Mas não é sobre isso que estamos falando aqui.
A pergunta paira como nevoeiro nos ares das cidades, favelas e campos: em que Deus, o Pai, foi roubado?
Poderíamos roubar alguém que tão generosamente nos dá (1Tm 6:17) “gratuitamente” todas as coisas?
Dar e per-doar são verbos parentes. O segundo deriva do primeiro. Fenômeno esse observável também em outras línguas, como no inglês, given and forgiven, e no alemão, geben und vergeben. Em certo sentido, bem verdadeiro por sinal, quando perdoamos estamos em última análise doando.
Não importa quem ou o que é perdoado: se é uma dívida, o valor outrora pendente é então doado, per-doado. (Per, prefixo que transmite uma viagem no tempo, que retorna ao passado e segue até o presente momento, como nos vocábulos pernoitar e perdurar.)
Mas não somente valores monetários são per-doados. Há coisas cujo valor financeiro não pode ser estimado – a despeito da ganância e pretensão das companhias de seguro e suas apólices. É necessário o perdão (ou per-doação) de bens imateriais como paz, alegria, segurança, amizade, amor.
Sim podemos roubar e sermos roubados de paz, de alegria (Jo 16:22), de segurança, de uma amizade, de um amor.
Os direitos autorais podem ser roubados. A glória e os benefícios de uma descoberta, de uma invenção ou criação intelectual ou artística podem e são tão comumente roubados, não obstante as tantas leis e mecanismos que tentam protegê-los.
Mas Deus não se cerca de leis e pelo contrário distribui gratuitamente seus bens e criação. Onde estaria então o furto ou roubo?
Preciso então pensar no perdão divino. O que me foi per-doado, para que eu entenda o que roubei e roubo.
Para pagar nossas dívidas Jesus deu sua própria e preciosa vida. Esse foi o preço, esse foi o bem e o valor do resgate: o preço de uma vida.
Pode-se roubar a vida? Quão banalmente uma vida é tirada, roubada…
As parábolas da dracma, da ovelha e do filho perdido trazem luz e põe fim ao questionamento: em que Deus é roubado? De que privamos Deus? Do que Ele está sendo tão banalmente privado e está tão angustiantemente procurando e querendo rever?
- uma dracma
- uma ovelha
- um filho
- eu
- você
Não prive Deus daquilo que Ele tem por tão precioso e que por direito lhe pertence: não roube “VOCÊ” das mãos, do olhar, do coração, do calor de Deus! Pode ser que um dia Ele, pessoalmente, queira prestar contas…
Um comentário:
Muito claro, preciso e emocionante. Dá também margem a muitas outras reflexões paralelas sobre roubo, perdão, relações Deus-homem, homem-homem, direitos, deveres. Possibilita ainda perceber o quanto esse lobos vestidos de pastores, que roubam os fiéis usando maliciosamente os textos bíblicos, estão errados!!!
Postar um comentário