Páginas

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Paranóias eclesiástico-administrativas

O que afinal de contas tem igreja a ver com a Revolução Industrial?

O que está por trás disso não são somente as questões financeiras e políticas que abraçam e sufocam qualquer organização. Mais do que isso, se é que alguma coisa pudesse ainda superar esses dois vilões, estamos pensando na própria tomada de decisão e na distribuição de tarefas.

Claro que para que as decisões sejam tomadas e as tarefas sejam executadas, necessita-se de muita politicagem e da força da grana que “ergue e destrói coisas belas”. E aí que entra as ciências administrativas com todas as suas ferramentas [não necessariamente] diabólicas.

Com a revolução industrial e o Taylorismo ou Fordismo temos o ápice da idéia de “racionalização das tarefas”, e a alienação do trabalhador (como os respeitáveis Marx e Engels já exaustivamente demonstraram). Assim como na linha de montagem você tem trabalhadores especializados em apertar determinados parafusos e outros em apertar determinados botões, e eles fazem isso horas a fim, meses a fim e nada mais. O mesmo acontece na igreja. Uns cantam no coral, outros recepcionam, outros fazem estudos bíblicos, outros oram e cada um tem o seu “ministério” especial. Claro que no grosso, a maioria não faz nada e um só se encarrega de digamos 70% do trabalho “produtivo” e remunerado, que é pregar aos domingos no culto. Essa é obviamente a caricatura da igreja, e é o que temos hoje, independente da linha religiosa ou teológica.

Esse mal está, de fato, infiltrado em todas as instituições. Para discernirmos o verdadeiro corpo de cristo é necessário um olhar mais apurado, e purificado.

Outro exemplo da Dominação da ótica gerencial está nas questões relacionadas com as funções administrativas ou o chamado PODC (planejar, organizar, dirigir e controlar). É difícil saber qual das quatro é mais usada pelo inimigo para envenenar o rebanho. Embora o controle seja extremamente preferido, e é a mais imbecil das funções, o planejamento é a mais sedutora. Direção pode se tornar um vício, mas como todo vício, sufoca o próprio viciado. Organização é difícil de demonstrar na prática, mas para os “tarados” por ordem pode virar uma verdadeira obsessão e o ambiente eclesiástico é um campo fértil para esse tipo de paranóia.

Ninguém melhor do que Rick Warrem conseguiu trazer para dentro das igrejas o veneno do planejamento. Warren simplesmente veio pavimentando com o concreto do pragmatismo a trilha aberta por Bill Bright e suas leis espirituais com o famoso "Deus tem um plano maravilhoso para sua vida”.

Antes que você me pergunte, afinal o que tem de mal nisso, e antes que eu comece a debulhar o complexo emaranhado que envolve “planos”, “propósito” e “tomadas de decisão” em níveis individuais e coletivos no Reino de Deus, te farei eu uma pergunta:

Quando foi mesmo que Jesus ou os discípulos pregaram (enfatizaram) que Deus tem um plano ou um propósito?




3 comentários:

Tuco disse...

Putz. Linha de produção eclesiástica. Ministérios como alienação do crente. Comparação perfeita.

Sobre Warren, não sei não. Acho que o alemão Christian A. Schwarz (e seu DNI) consegue fazer o americano parecer um amador.

Nunca vi tanto gráfico na vida como nos livros do cara.

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Tuco, graças a Deus ainda não ouvi desse cara aqui - Christian A. Schwarz.

Mas ainda terei que abordar essa outra paranóia - estatísticas eclesiásticas.

O Tempo Passa disse...

Eu!!! Eu!!! (olha meus braços acenando freneticamente) Eu sei a resposta à pergunta do último parágrafo!!!!

N U N C A ! ! ! Nunquinha!!!!

(essa é fácil, mas somos cegos pra perceber..)