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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Conversa, conversinha, conversão isso não

1795127[1] Aversão à conversão: não é isso o que a maioria esmagadora dos indivíduos inteligentes sente?

Por que as pessoas (crentes ou não) correm de um "novo convertido"?

Seria conversão sinônimo de arrependimento, de metanóia, ou não passaria, muitas vezes, de mais uma paranóia…

Não seria esse o motivo oculto que levaram os apóstolos a tirarem Paulo de Jerusalém?

Ninguém melhor do que o psicanalista Paul Tournier faz o diagnóstico e aponta o remédio para essa doença tão incidente no meio evangélico e religioso em geral, chamada de conversão.

Até agora eu percebi isso, quando eu ouço um "convertido". Ele fez aquele grande salto da fé sob a tutela de um pastor, sacerdote ou amigo. Ele passou do ateísmo para a fé ou de uma confissão religiosa para outra ou de uma igreja tradicional para uma comunidade religiosa avivada. Corajosamente e com ousada convicção ele abriu mão da filosofia de vida, na qual ele foi criado. Muitas vezes ele lembra com gratidão o momento, onde ele sob a poderosa influência do Espírito Santo, pode libertar-se de seu passado e ir de encontro à Aventura.

Ele está orgulhoso de ter descoberto a verdade, e quer que todo o mundo também assim a descubra. Em seu testemunho ele coloca-se como exemplo, como se assim cada pessoa precisasse andar no mesmo caminho que o seu. Mas esse caminho, essa experiência, significa basicamente seu passado, talvez um passado já bastante distante. O caso obviamente não negar seu passado, e nem colocar sua verdade em xeque; porém ele não pode, assim dizendo, exageradamente nesse passado estagnar-se; isso seria exatamente o contrário da fé. Todo convertido corre também o perigo, de ficar dependente das pessoas que o ajudaram a fazer aquele grande salto, e seu horizonte espiritual ficará assim limitado. Isso pode assim exigir que abramos mão de nossos preciosos tesouros, até mesmo de nossas mais frutíferas experiências religiosas, para que estejamos novamente livres para o novo. (Paul Tounier – em "O homem e seu lugar" – traduzido livremente do alemão "Geborgenheit Sehnsucht des Menschen").

Um comentário:

Eduardo Medeiros disse...

"Todo convertido corre também o perigo, de ficar dependente das pessoas que o ajudaram a fazer aquele grande salto, e seu horizonte espiritual ficará assim limitado..."

Muito bem dito. As pessoas costumam se "converter" a uma instituição, a uma teologia, a um modo de ser mimetizado e não a um projeto de vida onde percebe-se Deus em cada passo.

abraços