O pensamento da diferença tem origem com Friedrich Nietzsche (1844-1900) que trouxe com seus questionamentos uma espécie de rejeição a todo tipo de conhecimento que se restringisse a um processo descritivo, que tivesse uma lógica meramente representativa da realidade. A partir das críticas levantadas por Nietzsche surgiram muitas outras, tais como, a crítica ao pensamento dialético e das análises dualistas e binárias.
A filosofia da diferença privilegia uma forma de pensar que é plural, que admite levarmos em conta as múltiplas facetas presentes em cada contexto. Muitas vezes a diferença e o plural podem vir associados à idéia de desordem. Entretanto esta vertente de pensamento da realidade busca justamente romper com a idéia de que existe uma ordem geral preconcebida se lançando à cata de várias ordens, uma vez que, a todo o momento, uma nova ordem poderá ser inventada em sua unicidade.
Nesse sentido, a filosofia da diferença rompe com a generalidade e a universalidade científica que busca a classificação e a categorização. Nesta filosofia o que interessa são as singularidades, ao invés da busca pela totalidade, buscam-se os micro-espaços, os casos particulares, as composições singulares. Enfocando o singular, para esta filosofia não existe somente repetição, mas sobretudo invenção, pois a realidade está em constante movimento, apresentando-se como dinâmica e plural, e o que a ciência faz, de uma maneira geral, é exatamente enquadrá-la em uma ordem representativa e reducionista. Cabe ressaltar que, nessa perspectiva, quando se diz da diferença fala-se de sua oposição à identidade e à representação.
Deleuze defende a filosofia da diferença por se opor à primazia do idêntico e da representação. Em uma de suas aulas o autor afirmou:
Existe um primado ao mesmo tempo cronológico e lógico da idéia sobre o afeto, ou seja, dos modos representativos do pensamento sobre os modos não representativos. Haveria um contra-senso realmente desastroso se o leitor transformasse esse primado lógico numa redução. Que o afeto pressuponha a idéia, isso acima de tudo não quer dizer que ele se reduza à idéia ou a uma combinação de idéias. Nós devemos partir disto, que idéia e afeto são duas espécies de modos de pensamento que diferem em natureza, irredutíveis um ao outro, porém simplesmente tomados numa tal relação que o afeto pressupõe uma idéia, por mais confusa que seja.
[roubado de Raquel B. Toussant. - PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NO MOVIMENTO DAS SERVENTES – PUC-MG]
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