Foi o próprio Espírito Santo quem, pela boca do sumo sacerdote da época, Caifás – aquele mesmo que o sentenciaria à morte no sinédrio juntamente com seu genro Anás – profetizou a morte substitutiva de Jesus Nazareno: importa que um homem morra no lugar de toda a nação.
A figura e a trama da história (ou estória, como queira) bíblica é clara e linear: Jesus ganha fama e o povo o adora. Os poderosos da época se enchem de inveja e querem, de uma vez por todas, tirar o Galileu de cena. Mais do que isso havia, porém, o perigo iminente do império romano (que era quem de fato detinha o poder – militar, financeiro e ideológico), por iniciativa própria, vir e por fim aos sonhos messiânicos dos doze e demais israelitas que se empolgavam com seu Cristo. Nesse caso, haveria necessariamente um massacre, um genocídio, a não ser que um homem morresse por toda a nação.
Não se trata aqui de tentar compreender Deus ou sua obra redentora. O ponto está em se identificar, em precisar as pegadas que se pretende seguir. A estória por si só já impressiona suficientemente o coração e alma humanos a ponto de efetuar a mudança que se espera nos que possuem ouvidos para ouvir. O herói surge como modelo a ser seguido ladeira acima, mas também ladeira abaixo. Joseph Campbell salientou:
“O herói de ontem torna-se o tirano de amanhã, a não ser que se crucifique a si mesmo hoje.”
Interessante é que o propósito pacificador da morte de Cristo atinge em cheio não só as relações entre gentios (romanos) e judeus (o povo da promessa), mas primordialmente a relação entre Criador e criatura. E é essa segunda instância que queremos olhar mais de perto, e isso faremos numa próxima postagem.
Leia também: O céu, o inferno e a substituição
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