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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Como (des)engavetar Deus

Só para uma pessoa TUDO é VERDADEIRAMENTE relativo: DEUS. Nós sempre temos uma ou outra coisa como absolutas, inclusive Deus, coitadinho.

Algumas pessoas perguntam-se: Afinal o que fazia Deus antes da criação do mundo?

Alguns até mesmo se atrevem a responder a pergunta, de forma piedosa e piegas, através da trindade. Eles imaginam uma comunidade divina, amorosa, onde Deus Pai, Filho e Espírito Santo arquitetavam o plano da criação, da salvação, e etc. Era tudo como uma mesa de conferências. Deus estava trabalhando, planejando, tomando decisões importantes…

Claro que se isso fosse usado numa linguagem poética seria plenamente aceitável.

O problema, geralmente, nesses casos, não se encontra nas respostas mas nas perguntas: O que Deus fazia?

Nossa sociedade é fixada com fazer. Não sei se isso é um fenômeno moderno, pós-moderno, seja lá o que for ou se sempre foi assim. Mas geralmente em nossa sociedade é preciso estar fazendo algo. Está ocupado com algo (ainda que sejam coisas inofensivas como escrevendo uma postagem, lendo um livro, ou escutando música).

A verdade porém é que o ser vem preponderantemente antes do fazer.

Deus não fazia, ele simplesmente era.

Nesse ponto chego até mesmo a concordar [em parte] com o Caio Fábio, que é quem parece ter afirmado que “Deus não existe, mas é” – ou será que originalmente essa ideia vem de Paul Tillich? Não importa… Mas eu tenho a impressão que antes da criação do mundo Deus nem sequer existia, ele simplesmente era.

Pode parecer maluco. E com certeza alguém (como Caio e Tillich) já devem ter dissertado sobre isso de forma melhor. Mas o fato é que a existência como concebemos envolve, tempo e espaço. Algo que existe é algo que ocupa lugar no tempo e no espaço.

Bom, tempo e espaço eram coisas que definitivamente não existiam antes da criação. Portanto Deus não existia. Ele só era.

Ele não fazia nada. Ele era. Não que ele estivesse atoa, ou fazendo nada no sentido que entendemos (parado, pensando, vegetando). Nada disso existia. Deus era. No princípio ERA o Verbo.

É bom lembrar que SER Deus, já era coisa suficientemente “grande”, significativa!

Ser é algo pleno em si mesmo. Não necessita-se ter ou fazer algo para preencher o significado do ser.

Agora (pelo menos), Deus de fato existe. Não que Ele veio a existir. A existência é que veio a existir. A existência tornou-se possível após a criação do tempo e do espaço. No princípio Deus criou o céus e a terra.

Se eu estiver mesmo correto (o que raramente acontece), e a existência dependa das dimensões tempo e espaço, me assusta que algumas pessoas tidas como ortodoxas, fundamentalistas ou conservadoras, sejam as primeiras a negar a existência de Deus, removendo-o do tempo e do espaço.

Mas Deus não só intervém na história, ele entra na história.

Quando colocamos Deus no espaço – ainda que seja lá longe na África – relativizamos Deus e tiramos Ele do absolutismo no qual nosso intelecto o costuma enjaular.

Quando situamos Deus no tempo permitimos que Ele salve seres humanos perdidos. Que Ele ache o que para Ele no passado estava perdido; e que Ele, em três movimentos, perca um filho, o procure e o receba de braços abertos. E ainda festeje no futuro seus achados.

Seja como for, estamos eternamente condenados a procurar Deus, nos lugares onde Ele jamais se esconderia.

Ainda que você ou eu sejamos tentados a dizer que Ele seja absoluto e esteja em TODOS os lugares, haverá certamente o momento no qual nos surpreenderemos ou com sua ausência e como Jesus gritaremos, por que você me abandonou? Ou nos surpreenderemos com sua presença, nos lugares [ou nas pessoas] onde jamais imaginávamos achar. E diremos, Senhor quando foi que estiveste preso e fomos (ou não) te visitar?

2 comentários:

Eduardo Medeiros disse...

não concordo com alguns pontos do texto(talvez por não tê-los entendido a contento) mas ele me trouxe muitos outros pontos para pensar.

abraços

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Caro Eduardo,

isso vem reforçar um ponto, que pelo visto você concorda, o de que eu raramente estou correto!

Abraços,

Roger