Caríssimo senhor,
Ao mosteiro da Bacia da Almas. Saudações!
Despretensiosamente, a não ser a titulo de elucidação, venho aqui neste espaço privado, sussurrar algumas vibrações. Sim, digo, vibrações devido a inquietações provocadas após ler as expressões de suas ideias, agora e eternamente, gráficas.
Eis a razão de minhas inquietações:
“A contradição está em que a instituição acaba traindo, negando, e destruindo justamente a beleza que se propõe a resguardar. Institucionalizar é guardar a borboleta entre as páginas do livro no intuito de preservar a sua perfeição: a beleza permanece por algum tempo, mas a vitalidade do que buscávamos defender se esvai imediatamente. É por isso que a graça , uma forma rebelde e incontornável beleza é em sua essência incompatível com a tendência humana a institucionalizar. (Brabo. O que eles estão falando da igreja)
Em minhas leituras notei semelhanças no discurso de Paulo e, aqui, arrisco um palpite. O escritor sagrado em carta aos Efésios e Colossenses, ressalta o eterno propósito de Deus; sendo este propósito ir além da redenção. Atender os dramas desenvolvidos pela criação (ser humano) não é apriori o foco central da mensagem de Jesus. Todavia, paradoxalmente, apresenta a igreja como um antídoto redentivo para o mundo caído.
Sendo assim, na práxis, seguindo esse fio condutor, como exercer o chamado fora desse eixo?
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O problema não é a Igreja, o “antídoto redentivo”, invisível e inabalável, preservada pelo próprio Deus. O problema é a igreja, inventada por homens e construída por mãos humanas para se esconderem de Deus e Suas exigências radicais.
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Caro,
A resposta o Rubens produziu antes que a carta chegasse ao monastério, e é absolutamente significativo que tenha sido assim, porque esse mundo além da redenção sobre o qual você pergunta, e cuja natureza é tão difícil de articular, está justamente baseado num conceito de verdade descentralizada.
Que o Novo Testamento postula a verdade como corpo ninguém deveria tentar negar, nem mesmo um polemista barato como eu; mas trata-se menos de uma “comunidade” (que por definição traz dentro de si líderes, regras e rituais, mesmo que mínimos) do que uma subversiva rede neural. Não conseguimos visualizar “igreja” dessa forma justamente porque o corpo/rede/antídoto redentivo nunca se solidifica, permanece à margem de todos os discursos e não deixa registros; caso contrário (e é fundamental entender isso) não poderia ser usado como antídoto.
Mais indicações nas provocações de Augusto de Franco:
http://www.baciadasalmas.com/2011/resista-a-tentacao-de-pertencer-a-um-grupo
Beijo terno
PB
(Tudo retirado sorrateiramente sem as devidas e costumeiras autorizações daqui).
2 comentários:
O que eu achei engraçado no caso foi o fato de que, ao tentar postar um comentário no texto de Augusto Franco, foi-me solicitado a adesão ao grupo do qual ele faz parte (Escola em Redes)... contraditório, não?
Sim, contraditório, para não dizer sinistro. Há algo estranho ali...
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