Na região norte da Bavária, conversava com um pastor Luterano, pela ocasião do almoço comemorativo das bodas da confirmação de minha sogra.
Ele, um senhor que caminhava para a casa dos 70, havia feito a pregação no culto. Como cuidava de uma de minhas filhinhas, não pude ouví-lo, e assim não teve como identificar sua linha teológica. Mas bastaram 10 minutos de conversa para que a coisa ficasse esclarecida.
Ele me contou que há poucos anos seu casamento de décadas havia se desfeito.
Depois quando observava a foto de uma criança em seu chaveiro, perguntei se era um neto. Ele disse-me, então, que tinha dois filhos, e que um era homossexual, ou seja, o neto só era de se esperar por parte do outro. Essas coisas acontecem, disse ele, no início foi difícil entender e aceitar…
Então não tive mais dúvidas, se tratava obviamente de um pastor liberal – caso fosse um conservador, a mulher o teria largado mais cedo e os dois filhos teriam virado gays.
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O luteranismo é uma religião antiga que já dura mais de 5 séculos. A igreja luterana é estatal e os dízimos são descontados direto na fonte (como acontece também com os católicos).
Bem parecida com o catolicismo, a igreja luterana possui, porém, algumas diferenças vantajosas, dentre elas a possibilidade do casamento para os clérigos, assim como, a de separação (seja para clérigos ou leigos).
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Após anos e anos de guerras, mortes, rixas políticas e batalhas sangrentas os alemães chegaram a um consenso (há séculos atrás) de liberdade e paz religiosa (coisa que os Irlandeses desfrutam há apenas alguns anos); e assim o luteranismos foi se cristalizando em suas tradições.
Essa cristalização atingiu tal ponto que o grupo evangelical (composto por outras igrejas protestantes) não consideram o luterano um evangélico.
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Embora eu nunca tenha sido luterano, tem certa data que eu mesmo já não me considero mais um evangélico. E que católicos comemorem a baixa, mas não se apressem e pensem que com isso retornarei a Roma.
Não consigo compartilhar de toda generosidade de Brian McLaren. Ele traduziu perfeitamente em palavras o que sinto e creio ao explicar o que é ser “missional”; me distancio dele porém no apego ao termo evangélico.
Não possuo maiores vínculos de sangue ou seja lá o que for com a tradição evangélica. Sou simpatizante a ela, assim como sou ao catolicismo. Nada mais. Me parece que pessoas que vieram de um berço evangélico, sentem-se terrivelmente presos ao padrão.
Ainda que alguns, como Philip Yancey, ache que o nome “evangélico” foi sequestrado, e que o algo de valor que nele resta, pertença a nós (e não me peça agora, por favor, para explicar quem seja esse “nós”); sou totalmente avesso a isso.
A Aliança Evangélica Brasileira mal nasceu e já vai se posicionando no debate "anti" gay (Manifesto de afirmação da heterossexualidade). Era de se esperar outra coisa?
Quanto a mim, permaneço na busca por algo novo, um modelo com outros pressupostos. Talvez não encontre mesmo nada…
Um comentário:
Apesar de comparecer com relativa frequência - relativa, não comprometida - ás reuniões da igreja evangelical onde fui criado, também a tempos já não compartilho mais da visão evangelical.
Também estou atrás de algo novo, muito embora incerto de o encontrar...
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