Tinha uma árvore no meio do jardim. Lá, onde o dilema divino era apenas trazer o homem ao mundo ético, e isso, de forma ética. Como fazê-lo entender o bem, sem conhecer o mal? Como criar luz, aparte das trevas? Como fazê-lo experimentar a vida, sem antes provar da morte?
Sem o conhecimento do mal, o homem não reconheceria o bem. E sem o conhecimento do bem e do mal o homem seria uma eterna ingênua criança. Ele nunca alcançaria o status de “filho de Deus”, que, como Deus, conhecedor do bem e do mal.
Deus, como bom pai, queria um homem maduro, livre e independente. Um ser consciente de si mesmo e, por isso mesmo, com uma consciência pura capaz de discernir entre o bem e mal.
O primeiro homem, ao sair da forma, não era um ser livre.
Desconhecendo o bem ou o mal, não poderia fazer escolhas pautadas em sua própria consciência. Incapaz de julgar por si mesmo, o homem teria que, para não ser compararado a um robô pré-programado, ser capaz de, no mínimo, agir voluntariamente, de criar suas próprias escolhas.
O fruto da árvore que estava no meio do jardim, seja lá como o entendermos, é que traria poder ao ser humano, para agir no universo ético.
Por ser essencialmente bom, Deus não poderia induzir o homem a provar daquele fruto, pois é claro que o conhecimento ético leva o homem às catacumbas da morte.
Como um criador amoroso, Deus precisava garantir que o homem, criado à sua semelhança, fosse um ser moralmente livre, com vontade livre. Livre para amar, ou odiar. Livre para obedecer, ou desobedecer. Livre para se relacionar, ou para se isolar. Livre para viver, ou para morrer.
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