Normalmente, ou melhor, nunca, heróis de verdade morrem. Mas um dos meus heróis morreu. Daí minha dificuldade em processar essa idéia. Sei que está tudo muito recente, mas mesmo assim me arrisco em compartilhar o que vai em meu coração.
Não entendo Deus…Especialmente em momentos de perda e dor, me é muito complicada a presença de alguém, que se apresenta como salvador e onipotente, a meu lado.
Às vezes criamos, ou fomos criados com, uma imagem falsa e deturpada de Deus.
O heroísmo do Lucas esteve em abrir meus olhos para um Deus diferente daquele que fui acostumado a imaginar.
Não é atoa que meu herói, se tornou teólogo. Tivemos o privilégio de tê-lo como um dos colaboradores desse Blog: http://teologia-livre.blogspot.de/search/label/Lucas.
Ele faleceu aos 33 anos, ano passado, nos deixando grande saudade.
Segue abaixo um vídeo e um texto que compus na tentativa de trabalhar e dar vazão a essa dor que insiste em latejar em nossos peitos.
Disse o príncipe, que quando nós estamos triste demais gostamos de contemplar o pôr do sol. Certo dia, em seu pequeno planeta, ele contemplou o pôr do sol 43 vezes. Tenho tido também meus dias com dezenas de ocaso…
Certa vez, alguém me explicou que pessoas são como livros. A prateleira de nossa vida comporta um número limitado de livros. Portanto, para que os novos cheguem, os velhos tem que se arrumarem. Às vezes, eles são removidos pela mão invisível do Bibliotecário. Meu pai, leitor inveterado, que entendia bem essa lei, costumava repetir, “estão mexendo em minha prateleira”, sempre que algum amigo ou pessoa próxima falecia. Até que um dia olhei na prateleira e o lugar dele estava vazio… Naquele dia, perdi a conta de quantos pôr do sol eu contemplei.
Pais são um mistura de herói e bandido. Meu herói era fã de meu pai, talvez por enxergar nele só o lado herói.
Sei que ambos se encontram, hoje, sob o brilho da mais perfeita luz, lá onde o sol nunca se põe e toda imperfeição será superada. Posso imaginá-los se entreolhando e vendo somente a perfeição e a bondade um no outro, pois foi assim, com o olhar da graça, que aqui, eles também se entreolhavam.
Tarefa difícil é mensurar o impacto que alguém exerce em nossas vidas, seja de forma positiva ou negativa.
Alguns nos influenciam por suas palavras, outros por suas ações, já outros por meio do poder ou autoridade direta que possuem sobre nós. Outros nos marcam por sua atitude frente à vida e todas suas complexidades e reveses.
Meu herói se encontra dentre esses últimos. Desde os meus 10 anos de idade ele chegou para me transmitir a mesma mensagem, a cada ano mais intensa, a cada ano mais apurada.
O Lucas, dentre várias outras, teve essa missão, em minha vida, de revelar um Deus que é bem maior que a onipotência ou a própria salvação dos males. Um Deus que é amor, que é amigo, que é irmão.
Sou grato a ele por ter cumprido sua tarefa com primazia.
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