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sexta-feira, 27 de julho de 2018

Tenho sede e você tem sede de quê

Umas das últimas palavras do Messias, antes de sua morte cruel no Calvário, “sede”.

De fato, ter sede é uma bem aventurança. Todavia significa uma necessidade, um desconforto, e até mesmo um sofrimento. Jesus estava ali, literalmente, morrendo de sede.

Morrendo, por causa do pecado da humanidade – nosso pecado. Morrendo por causa de sua voluntariedade, morrendo levado por sua própria humildade, obediência, amor, compaixão, paixão. Sedento…

O psicólogo Ivan Capelatto me explicou que bem nos primórdios de nossa existência logo no início da formação do meu e do seu cérebro nos é dada uma glândula que é responsável pela sensação da angústia. É a sede.

Ao nascer choramos angustiados até que nossos lábios infantis são postos nos seios maternos, e nossa sede é saciada. Jesus chorou quando bebê, como eu e você, chorou e seus lábios foram postos nos seios da virgem Maria. E sua sede foi satisfeita e Ele dormiu em paz. A Bíblia nos relata que é dali que Deus tira o louvor perfeito! (Salmo 8)

“Bem Aventurados os que tem sede de justiça, pois serão saciados”. A sede só é uma bem aventurança porque é saciada. Capelatto continua nos dizendo que se a sede não for saciada aquele sentimento inicial de angústia será transformado em medo, e o medo por sua vez em raiva. São processos naturais, saudáveis e normais que se desencadeiam em nossa mente, por que somos assim. Fomos assim criados.

Por fim, se aquela necessidade, mais elementar e primária humana, não for satisfeita através dos apelos raivosos, nossa mente começa a produzir a sensação real de ansiedade.

Indivíduos ansiosos estão à procura de satisfazerem sua sede.

Assim como a boca, a alma também tem sede. O salmista cantou, “a minha alma tem sede, sede de Deus, do Deus vivo”.

Certa feita Jesus encontrou uma mulher sedenta, à beira de um poço. Jesus também tinha sede. Ali, o Mestre explicou para aquela mulher samaritana que quem beber da água que Ele dá, jamais teria sede.

Pouco tempo mais tarde, Jesus estava morrendo numa cruz e com os seus lábios secos clamando “tenho sede”. Jesus não escondeu sua necessidade, sua limitação.

Como somos limitados. O sentimento de angustia e necessidade nos é embutido antes mesmo de nascermos. Primeiramente ele está vinculado à sede do leite materno. Depois o cultivamos e associamos com outras diversas necessidades.

A sede também é comparada à libido. Na Bíblia, um livro sagrado, beber água é associado ao ato sexual. No capítulo 5 de Provérbios encontramos: Bebe a água da tua própria cisterna, e das correntes do teu poço... Seja bendito o teu manancial; e regozija-te na mulher da tua mocidade.

Não é a toa que o encontro de Jesus com aquela Samaritana, relatado em João capítulo 4, está recheado de um pano de fundo erótico: uma mulher que já tinha tido vários maridos e agora vivia com um amante. Uma pessoa sexualmente, afetivamente, à procura de satisfação. Insatisfeita, Sedenta…

Jesus teve sede, na cruz. Ali Ele levou a nossa sede. A minha e também a sua. Toda nossa insatisfação, das mais básicas até as mais complexas, como as sexuais, as afetivas, as sociais, de segurança, de auto estima e realização. Nossas ansiedades, nossos medos e raivas agonizaram juntamente com Jesus, no seu corpo.

Anselmo de Cantuária nos explica que na Cruz foi feito uma transação contábil. Nossas dívidas impagáveis, nosso saldo absurdamente negativo,  foram simplesmente quitados por Jesus. Com sua morte ele saldou o débito. Um débito que nunca pagaríamos por nós mesmos. Ao satisfazer Deus, Jesus nos satisfez. Nossa sede insaciável foi matada, foi miraculosamente irrigada pela graça divina.

A justiça de Deus, em relação à humanidade, foi satisfeita em Jesus. E por meio da fé nEle, todos temos acesso à fonte das fontes, para levarmos uma vida de plena satisfação.

Não importa qual necessidade a propaganda comercial está gritando em nossos ouvidos. Não interessa qual desejo o Marketing está querendo despertar em nós. Não estamos imunes aos impulsos mentais que geram angústias legítimas em nossa alma, e nem estamos isentos de tentações. A resposta para toda e qualquer sede que temos está jorrando do Calvário. Naquela Cruz fomos crucificados para o Mundo e o Mundo para nós. Ela fecha as portas para uma realidade, para um universo, e abre para outro.

Os soldados romanos ofereceram para Jesus vinagre. “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”.João 19:30

E você? Afinal de quê você tem sede?

“Senhor Jesus ajude-nos a sondar nossas motivações. O que nos tem angustiado? O que tem causado ansiedade em nosso peito? Só Você pode nos satisfazer plenamente. E só com Você, com o seu santo Espírito, estamos saciados verdadeiramente. Obrigado por tudo o que você fez na Cruz por mim. Eu te adoro. Amém!”

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