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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Crentes: verdadeiros objetos convercíveis (2)

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“Converte-nos a ti, SENHOR, e seremos convertidos” Lm 5:21ª

Somos todos cristãos nominais. Pense bem, no Brasil 91,4% da população é cristã. Um percentual bem acima do mundial que está em torno de 32,5%. Na Alemanha os cristãos são 69,5% e nos USA correspondem a 84,5% da população. Como saber quais destes são cristãos reais e quais só são apenas no nome?

Acho engraçada a atitude daqueles mais afoitos que dizem que o número de novos nascidos (Born-agains) na Alemanha, por exemplo, correspondem a 5%! Cinco por cento da população alemã são 4 milhões. Isso significa 4 milhões de salvos e 76 milhões de perdidos. A mesma atitude pode ser vista no Brasil com seus 20% de evangélicos e o restante de mais ou menos 160 milhões condenados ao inferno.

Alguns, com a maior frieza, sem titubear, como se estivessem resolvendo um assunto muito banal e lógico sentenciam: irão para o inferno! E citam uma série de versículos para justificarem a si mesmo e condenarem os outros.

Confesso que também assumo, às vezes, essa atitude, quando alguém me irrita no trânsito, me trata mal em uma repartição pública, ou sofro Mobbing no trabalho. A primeira sensação que tenho é de agradecimento a Deus por ter criado o inferno para mandar pra lá o diabo, seus anjos caídos e pessoas mal educadas que pisaram no meu calo.

Mas quando a raiva passa e podemos observar com mais calma as pessoas, em suas lutas diárias, seus dilemas, seus sofrimentos, sua dignidade e honradez em meio a um mundo perverso, vemos que o coração pulsando por vida é bem parecido em todos nós.

Especialmente observando as crianças com suas fraquezas e inocência frente ao mundo adulto (entre si às vezes são tão perversas quanto a gente) e os velhinhos já desfeito de ambições e vivendo no cansaço e na canseira da idade, sou levado a concluir que a misericórdia de Deus é bem maior que nossa vã capacidade de julgar e sede de vingança.

Não sou universalista. Claro que alguns vão queimar nos quinto dos infernos. E não serão poucos. Tem que no final haver justiça. Tem que haver um juízo moral. E cada um dará conta de si mesmo. Mas o que não posso aceitar é nossa capacidade de imaginar que Deus possa salvar 5% da população mundial, jogar 95% fora como se fossem um subproduto qualquer, lixo, escória, gente ruim que não prestou. Não deram certo. Deleta. E o pior que não serão deletados, mas ficarão condenados ao sofrimento eterno. E olha que de fato acredito no inferno. Esse também não é o problema.

Mas somos miseráveis demais, pães-duros, na hora de contabilizar as almas salvas. Isso deve produzir algum tipo de satisfação pessoal: “pertencer a uma minoria privilegiada”, “ser melhor que todo mundo”. Mas e aí? Como me disse certa vez um amigo: “não teria o diabo ganho a batalha, se conseguiu levar tanta gente para a perdição?” E eu me pergunto, “que deus é esse que condena 95% da população mundial ao inferno, sem nenhum drama de consciência? Como será esse céu, com esse deus, sabendo que uma multidão infinitamente maior está queimando lá embaixo?” humm.....

Prefiro então pensar é que nós, os 5%, é que precisamos urgentemente ser convertidos.

"Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia". Rm 11:32

Veja também: Crentes: verdadeiros objetos convercíveis 1

5 comentários:

Felipe Fanuel disse...

Roger,

Obrigado pelo artigo que torna inútil a publicação do meu texto anteriormente.

Quanto a mim, sou universalista sim, porque Jo 3,16 é universalista. Lá cabe "o mundo" no amor de Deus, por que não caberia no meu coração e no meu entendimento?

Se há alguém que deveria se preocupar com inferno, esse alguém é quem o criou. Isso não é assunto para mim.

Aliás, o inferno já está acontecendo agora. O julgamento moral também. Nada ficará para a eternidade que já não tenha acontecido aqui mesmo. Já dizia o bom ditado: "Aqui se faz, aqui se paga".

O meu céu é de todo o mundo, porque creio num Deus que amou e ama todo mundo.

A propósito, quando Jesus falou sobre inferno mesmo? Não foi quando falava com aqueles que se achavam dignos do céu? E onde estava e está o céu?

A resposta está em quem tem fome, em quem tem sede, em quem é imigrante, em quem não tem roupa, em quem está enfermo, em quem está preso. Saciando a necessidade destes, estamos e estaremos no céu. Aqui está o céu. Não é lá na outra dimensão.

Um abraço.

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Grande Felipe,

concordo com "quase" tudo que vc escreveu.

Mas não poderia concordar em eliminar a doutrina do "juizo final" da cartilha cristã.

Em Mc 16:16 Jesus fala da condenação.

De fato ele falou de inferno para os fariseus Mt 23:33 "Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?".

Mas não só para os fariseus. Ele falou muito e de várias formas para várias pessoas.

Acho que o inferno que se enfrenta aqui é mais um purgatório do que o próprio inferno. Aliás é esse "purgatório", as crises, as depressões, as tentações, as provas, que fazem-me sentir que existe ainda um céu pleno a ser desfrutado. Um retorno ao Paraíso. Que como você bem disse, já pode ser esperimentado em parte aqui, quando vamos de encontro ao Senhor, na pessoa dos necessitados.

Só acho que exageramos nos números, em função de nossas doutrinas particulares e da ortodoxia.

Um forte abraço, bom fim de semana,

Roger

Janete Cardoso disse...

Creio que haverá um céu, mas não o inferno "geográfico". Satanás e seus seguidores serão extirpados da existência. Sua condenação terá consequência eterna.

Gostei muito do texto, especialmente do trexo: "Prefiro então pensar é que nós, os 5%, é que precisamos urgentemente ser convertidos."

beijos

Felipe Fanuel disse...

Roger,

Não quero eliminar nada, cara. Se isso faz sentido para você, quem sou eu de criticar? Só quis expor minha opinião que se diferencia da sua, com a qual, creio que você não deve concordar pelos motivos defendidos no texto. Que bom que você é honesto consigo mesmo — é assim que tento viver.

Um abraço.

ROGÉRIO B. FERREIRA disse...

Mano Felipe,

entendi sua posição. Não havia entendido como critica, não. E também gostei da sua transparência em expor uma opinião diferente. Acho que assim que dever ser!

Hoje estava pensando no detalhe propositalmente ambigüo de seu primeiro comentário "Se há alguém que deveria se preocupar com inferno, esse alguém é quem o criou." E gostei.

Agora o que não concordei de jeito nenhum foi com a primeira frase: "que torna inútil a publicação do meu texto anteriormente". De forma alguma seu texto tornou-se inútil. Vc sintetizou em poucas e inteligentes palavras o sentimento que eu tentava expressar em várias linhas.

Um abraço saudoso,

Roger