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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Não me fale outra vez de depravação total

Se acompanharmos o dia a dia de um policial ou de um instituto médico legal ficaríamos escandalizados com a maldade humana. Não precisaríamos de tanto, apenas com o jornal em mãos, a página policial ou a política atestam que o ser humano não é flor que se cheire.

Mas a moeda tem sempre dois lados.

Acompanhemos o dia a dia de uma ONG que assiste a pessoas carentes. Busquemos o caderno de arte ou de esportes. Ali veremos que a criatura humana é nobre e pode também ser bondosa.

O Yng-Yang estão presente na alma humana. Judeus e cristãos que me perdoem, mas o taoísmo chinês traz uma representação mais clara do que se passa nesse mundo. Não seria isso também o que a Bíblia ensina?

Tomemos a parábola do bom samaritano. Ali veremos nitidamente o princípio da dualidade:

A presença do Samaritano é a prova de que o homem é capaz de escolher e fazer algo realmente de bom, ainda que isso seja raro e uma exceção. Ali não há só um homem bom. Um deles fez algo de bom, outros deles (os bandidos em especial) foram maus, o sacerdote e o levita não foram necessariamente maus, só fizeram (melhor não fizeram) aquilo que não fazemos (e a grande parte da sociedade deixa de fazer) todos os dias. Quantas pessoas em estado deplorável de miséria se deitam por nossos caminhos, que poderíamos ajudar e, por diversas razões ou desculpas, passamos de largo?

Até o estaleiro fez algo de bom, por dinheiro é verdade, o que não é necessariamente um pecado o algo ruim. Só isso mostrará a loucura de Calvino ao afirmar que : [o homem] não concebe, deseja ou empreende coisa alguma que não seja má, perversa, iníqua e suja..."

Ou sou eu quem está ficando doido?

Por favor, leitor conservador ou você fundamentalista, antes de chegar descarregando todo o seu "santo", "nobre" e preconceituoso conhecimento sobre religião, tente por favor não se empolgar tanto. A vida é mais simples do que toda essa Anti – Teologia pregada, pelo menos há cinco séculos, nos púlpitos de várias igrejas.

O ensino da parábola (à luz do contexto bíblico) é que nosso próximo é aquele que "se aproxima" quando estamos caídos e nos estende a mão; a esse, pelo menos, devemos amar, "ainda" que seja um samaritano - traduzindo: não importa raça, povo, cor ou nacionalidade e, muito importante, a CRENÇA religiosa.

Jesus não está (pelo menos não ali) ensinando caridade, como muito precipitadamente se pensa, interpreta, crê e propaga-se. A não ser que mudemos o texto bíblico.

O Evangelho nos mostra pessoas que foram salvas, porque tocaram, seguiram, abraçaram Jesus. Por que fizeram isso? Porque eram totalmente depravadas? Não! Creram porque Jesus era totalmente bom. E porque elas precisavam de ajuda; e nem sempre moral.

Concordo que o perdão dos pecados está no âmago do Evangelho, mas isso só, está muito aquém do que seja Evangelho.

Por que então não ficarmos simplesmente com a Bíblia e aceitarmos simplesmente que o homem é simplesmente pecador? Que o homem é bom e mau? Porque invertamos um sistema doutrinário complexo (baseado em um versículo aqui e outro dali) de que o homem seja "totalmente depravado"?

Desculpem-me a grosseria mas se há alguém totalmente depravado é quem inventou e acredita nessas coisas!

Leia também: Por favor não me fale de depravação total!

3 comentários:

Neto disse...

Olá Roger!

Boa idéia essa, de pegar vários comentários seus, unindo-os e usar em um post só. Muito legal mesmo. Afinal, se tratava do mesmo assunto.

Mas ainda assim, aguardo suas respostas bíblicas no tópico do Cinco Solas. Afinal, a resposta para esse post está lá... E foi lá que começamos.

Um abraço.

Felipe Xavier disse...

A patrulha fundamentalista vai se descabelar ao notar o "símbolo da nova era" que ilustra o discurso do post. Hahaha

Abraços flaternos!

O Tempo Passa disse...

A capacidade humana pra complicar é ilimitada. Pior, usamo-la para fugir da única exigência de Jesus aos seus: amar!