Recapitulando para finalizar: quando eu afirmo acreditar no destino a pergunta que fica no ar é, e você? Afinal você é do tipo de pessoa que não acredita no destino? Normalmente os cristãos (evangelicais) evitam essa palavra, e também outras do mesmo naipe: sorte, coincidência e contingência…
Então vem a maçante indagação: O que é destino? E a maçante resposta, destinar é “determinar com antecipação; fixar previamente”. Esse é o sentido que uso aqui e é o sentido que deveria sempre ser dado a esse termo, pois dele derivam todos os demais, variando somente o sujeito ativo da frase. Quem é que determina? Deus? A natureza? O indivíduo? O meio? Os astros? Os políticos? Os empresários? Ou os cartolas?
Se colocarmos Deus como sendo o cara determinador, é bom ficar claro que Ele nos chama para a responsabilidade junto com Ele. Ele não determina tudo, e não determinará tudo sozinho, ele nos dará espaço para também atuarmos no teatro de nossa própria existência, para sermos co-autores do roteiro de nossa vida. Mas, seria ridículo pensar que tudo está só em nossas mãos e nas de Deus. Há outros atores, então, o destino é determinado por uma série de pessoas, inclusive os cartolas, e por uma serie de elementos, inclusive a natureza e os astros.
Se Deus não pode saber o que decidiremos por nossa livre vontade daqui há uma hora ou 10 anos, Ele nos garante que está ao nosso lado, sob a sombra do relógio da praça ou sob o calor do relógio de sol. Ou seja, Deus resolveu entrar no tempo e jogar os 45 minutos do segundo tempo com a gente, sujeito a prorrogação e pênaltis. A diferença é que pra Ele 15 minutos de prorrogação é como o campeonato inteiro e o campeonato inteiro são como 15 minutos.
Apesar de seu problema de percepção do tempo, Deus procura usar bem do tempo que lhe cabe, assim Ele determina coisas, Ele faz suas escolhas com antecipação, Ele planeja. E tudo isso baseado em fatos que estão fora d’Ele.
Suas escolhas podem afetar as escolhas de Deus!
Com todo o confete que já jogamos sobre o “presente” em detrimento das sombras e luzes que pousam sobre o futuro, em determinadas circunstâncias, de crise em especial, o futuro é a única coisa que nos interessa – ainda que a solução esteja um segundo embaixo de nossos narizes – não importa, em época de angústia o presente é uma merda e não queremos de novo uma merda para o dia de amanhã – com perdão da expressão.
Então paramos na pergunta: e Deus se importa? Será que um excesso de confiança não me levaria a acomodar, e deixar de fazer alguma loucura necessária para sair da situação, ou uma falta de confiança não me levaria a desesperar e fazer alguma loucura desnecessária que só agravaria a situação?
Quando tomei como exemplo os casos extremos como resolver um problema de saúde, achar um emprego, achar um cônjuge ou escolher uma profissão, é porque já passei por isso e sei que não existe receita de bolo. Sei que se tivesse que passar por alguma destas crises novamente, minha experiência não valeria nada, ou, quase nada. Talvez ela servisse para eu entregar os pontos de vez, mais rapidamente, pois tudo isso é muito doloroso e rouba nossas forças emocionais completamente.
Resumindo se é que eu aprendi alguma lição nas horas de crise e poderia passar para frente é isso: o destino existe, ele é uma ação conjunta. Nós podemos determinar nosso futuro de forma limitada, Deus também é limitado em relação a nosso futuro, Ele está na jogada, mas sempre atento à nossa liberdade, à nossa vontade, à nossa fé. Outros fatores e vontades estão também em jogo e Deus não atropelará tudo para “nos dar o futuro que esperamos”.
Ainda que nada dê certo, que nenhum alvo seja alcançado, que tudo se frustre. Na pior das hipóteses, Ele estará sofrendo com a gente, na gente; e isso por mais doloroso que seja, é a melhor das hipóteses; pois é um sinal de que o consolo estará logo ali, na próxima esquina do tempo, guardado por Deus, nas mãos do destino.
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*(Dedico essa série a uma pessoa amiga que aprendi a respeitar e amar - espero que ela saiba que me refiro a ela).
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