No aeroporto que leva o nome do falecido filho do também falecido Antônio Carlos Magalhães, eu, minha esposa e minha filha, assim como todos os demais passageiros, fomos recepcionados por um grupo de "baianas" que saculejavam ao som ritmado que certamente embala sessões de candomblé e congêneres nos muitos terreiros da Cidade. Não gostei nada disso. Esperava chegar sem essa estranha recepção, e sei que, se isso for pago pelo dinheiro público, fico deveras indignado, porque o Estado brasileiro é laico.
É necessário distinguir baianidade, afrodescendência e religiões afro-brasileiras. Baianidade - arrisco-me a definir - seria um traço cultural que mistura alegria, simpatia e acolhimento. Afrodescendência, em minha opinião, não poderia ser designação apenas dos oriundos da África Subsaariana, porque há uma África que não é negra (algo que ouvi certa vez do meu professor Ivan Gonçalves, e que faz muito sentido).
Quanto às religiões afro-brasileiras, não posso aceitá-las como elemento cultural e folclórico porque contrariam a Palavra de Deus, adoram a vários deuses, praticam fetichismo, crêem no animismo, fazem despachos para prejudicar pessoas, tratam com o obscuro mundo da feitiçaria. Não posso chamar isso de simples cultura, pois é, de fato, religião, e, em se tratando de religião, devemos ter sempre em mente que o Estado é laico, e que Cristo é o exclusivo SENHOR.
Com efeito, não se pode confundir cultura e religião, sob pena de se alimentarem preconceitos e medidas políticas que favorecem a desigualdade. Aliás, nesse mundo que exalta o tal pluralismo, só não há espaço para idéias fundamentadas na Bíblia. Para nós cristãos evangélicos, eles negam o pluralismo, o direito de expressão. Isso demonstra que o pluralismo é uma falácia pós-moderna.
É por isso que digo que a Cidade de Salvador precisa do Salvador, do SENHOR Jesus Cristo. Vejo aqui em Salvador uma combinação não-saudável de religiosidade e política. Eu discordaria do mesmo jeito se dissessem que o Cristianismo evangélico seria a religião oficial, como discordo de dias consagrados a santos ou mesmo de dias dedicados aos evangélicos. Nada disso é constitucional, nem creio que seja compatível com a Escritura Sagrada.
Aqui em Salvador eu sou minoria porque minha pele é branca e meus cabelos, lisos. Mas não é assim que vejo o mundo: essa distinção baseada em raças é ridícula, pois todos somos humanos, não há raças entre nós. Somos a Humanidade, devemos defender valores humanos, e não valores negros, brancos, asiáticos ou indígenas. Devemos, sim, defender interesses de pessoas efetivamente prejudicadas, mas não podemos proteger nem prejudicar ninguém em razão da cor de sua pele. É por isso que discordo das cotas e de outras eventuais medidas que partam da premissa de que ser negro é ser necessariamente oprimido. Conheço brancos que são muito pobres e ignorantes, e negros que são ricos e cultos. Conheço, mais do que isso, pessoas mestiças, em cujas características é impossível, a olho nu, discernir que percentual de negritude terão.
Faço referência a isso porque me parece que a defesa da negritude enquanto raça é um aspecto muito forte em Salvador.
Isso não vai gerar no Brasil um "apartheid"? Não estamos vendo o que a não-integração dos indígenas está causando em Roraima? Queremos um País dividido, enquanto Obama, num País realmente dividido, fala em união e harmonia?
Há uma outra coisa em Salvador que me faz ter certeza do quanto ela precisa do Salvador: a Cidade está estabelecida sobre o fundamento de festas carnais, o Carnaval e seus similares. Exalta-se o corpo, o erotismo, o prazer descompromissado. Que sociedade pode se gloriar de um fundamento desses?
Existe ainda um aspecto digno de nota: a extrema desigualdade social. E, em plena área nobre, vejo os muito pobres deitados nas calçadas, pedindo esmola. As favelas também são um retrato dolorido aos nossos olhos, porque ali tem gente excluída mesmo.
Sou baiano, mas não me orgulho dessas contradições. Gosto de ser baiano, mas antes de tudo sou cristão.
O bom mesmo é ver que nem todas as praias foram dominados pelos ricos, e que o mar, o grande mar, é ainda visto por qualquer um de nós, numa equidade emocionante que só pode vir de Deus.
2 comentários:
Pôxa Alex, terminar esse texto, falando do mar de Salvador é maldade!
É como esfregar um filé na cara de um cachorro faminto.
Mas os pontos que você levantou mostram que Deus te trouxe de volta, pois há ainda muito trabalho para ser feito aí.
Abraços,
Roger
Sim, Roger, obrigado pelo comentário. Ainda não entendi direito por que estou aqui, mas é próprio de períodos de transição. Depois que as coisas se acertarem, creio que entenderei com maior clareza.
Alex.
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